quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Marco Antonini

Marco Antonini, Música, Teatro, Luzes e Talento, Muito Talento

                   Sua voz é indiscutivelmente forte e bem empostada, e ele sabe empreender um ritmo bem teatral a cada uma de suas apresentações, mas Marco Antonini é mais que isso, ele pode ser bem polêmico, suas respostas podem deixar algumas pessoas bem tensas, mas vale a pena ouvir o que ele tem a dizer e foi isso que a equipe do Efervescência do Rock  de Goiás veio fazer. Acessível como poucos, Marco Antonini concedeu essa bem humorada entrevista, onde fala de sua carreira, suas idéias e, claro, de si mesmo.   






1   Efervescência: O que te levou a escolher a carreira musical?
          Quando vi os Secos e Molhados na televisão em sua despedida como banda em 1974 no Fantástico e também a Rita Lee, que tocava muito no rádio, pois naquela época os artistas recheavam as programações de TV. Desde a primeira vez que vi o Ney Matogrosso então nos Secos eu já sabia o que queria fazer da minha vida!



1   Efervescência: Como foi seu começo, e quando foi?
         Divertido, engraçado, difícil, mas muito bom, pois tive a sorte de ser o primeiro artista pop daqui, então todas as atenções eram voltadas ao meu trabalho. Passamos 3 anos em cartaz com local fixo uma vez por semana e todas as semanas lotadas e no restante viajávamos para dar continuidade. O respeito era tanto que eu fazia shows com os artistas nacionais de igual pra igual, assim, toquei com Lulu Santos, Fernanda Abreu, Paralamas, Chico Science, Skank, Jota Quest, Capital, Jorge Benjor, Barão e etc.



Efervescência: Como você define o seu estilo musical?
            Pop-rock-brega-cafajeste-eletro-eletrônico.
          Sempre tive uma relação de música, moda, áudio, vídeo. Primo muito pela qualidade dos meus shows em termos de som, figurinos, luz, cenário e etc; mas nada o qual a imagem chame mais atenção do que a música. Não sou bonito e nem sexy, sou provocativo, muito embora algumas pessoas me achem audaz e às vezes desaforado musicalmente e no comportamento, o que realmente sou, odeio essa coisa de gente meio “bovino” que obedecem as regras e seguem as leis, isso faz parte da personalidade e não do “produto comercial” o que alguns artistas são exuberantes excessivamente casando isso com sua música, eu não, isso é natural em mim e nem por isso é exagerado. Não sou Lady Gaga e Madonna, nem quero e por isso não tenho a pretensão de ter gente que se vista igual a mim ou copiam meus gestuais, tem sim pessoas que seguem a métrica e o descaramento de copiar até meu repertório, mas isso não vem ao caso, copiar a cópia da cópia é o fim da picada (risos), falta de vergonha na cara (mais risos). Ah, tem um ou outro por ai que vive na minha cola e adora “pegar” os músicos os quais descubro e dou disciplina e doutrina, mas infelizmente nem todos possuem ética profissional.

 



      Efervescência: Como você descreve sua personalidade e como ela afeta seu trabalho?
            Minha personalidade? Sou tímido, muito embora não pareça, mas sou quieto, calmo, caseiro, sem vícios. Sou trabalhador, muito exigente às vezes carrasco, mas para o bem da minha arte.
            O Marquinho de casa dos amigos é outra pessoa do Marco Antonini, não afeta em nada, pois eu sei quem é quem e quando um tem de ser o outro, portanto em nada me confundo com isso, além claro de ter os pés no chão.



    Efervescência: Como você descreve a sua relação seus fãs?
             Não tenho isso, fãs, com todo o respeito. Tenho amigos que gostam do meu trabalho, mesmo porque não sou um artista popular e nem quero. Quem gosta da minha música acaba virando um amigo meu. Sem estrelismo, sem fãs, tietes e essa coisa boba fútil.
          Agora, gosto sim e muito das pessoas que admiram e respeitam o meu trabalho e o artista, assim temos uma relação bacana que até conselhos ouço.



    Efervescência: Como é o apoio da mídia ao seu trabalho?
            Sempre foi perfeito, pois eu sempre soube fazer meu trabalho e dar qualidade a ele, além claro de saber me colocar ante a mídia e estar sempre disposto a colaborar com os mesmos. Hoje a ideia de mídia mudou bastante e, claro, precisamos nos adaptar, Mas no que tange o geral só tenho a agradecer, pois são muito gentis comigo, e prestativos.
              Tem algo que me incomoda, todos acham que quero tocar em rádio, aparecer na TV, ir ao Faustão, tocar na novela, estar entre os 10 mais. Eu não quero isso e não corro atrás disso, caso aconteça, será naturalmente pelo talento e não como objetivo. Já fiz, fui a vários programas de televisão e rádio e só vivendo isso é que descobri que não pertenço àquele mundo. Eu não sei mentir e nem fazer de conta, caso o Faustão me perguntasse algo, eu diria exatamente o que penso e o que é, não tenho paciência para artistas que vão lá e se fazem de bons ou pagam mico. Não sou burro e não gosto que ignorem minha inteligência.



    Efervescência: De que modo seu trabalho interfere na sua vida pessoal?
             Já interferiu no quesito sentimental, sempre tive relações conturbadas por as pessoas se aproximarem do “Marco Antonini”, quando na verdade elas tinham que conviver com o Marquinho. Este “deslumbre” não era meu, é de quem se aproxima de mim já com opinião formada. Quebram a cara ou fazem com que eu quebre a minha, quer queira quer não, eu ainda acredito nos sentimentos nobres do ser humano.
             Por um tempo comecei a analisar e percebi que viver sozinho é melhor, muito embora isso me tenha trago à solidão, minha companheira eterna consequente do que faço. Mas eu não faço música pra me sentir e nem pra “pegar”, faço música porque amo arte, cantar, alegrar, dançar. Vivo muito bem com minha solidão e não estou afim mais de dar “carona” a ninguém. Quer aprender a viver ou aparecer? Use seus próprios talentos ou ame de verdade.



    Efervescência: Quantos e quais foram seus trabalhos lançados?
            Oficiais são 4 Trabalhos. 1) Batuque (1996), 2) Na Hora H (2001), 2) Sinais (2004), 4)Novo De Novo (2009). Mas tenho 5 discos gravados ou que foram proibidos por gravadoras, empresários, patrocinadores porque eles faliram ou entraram em desacordo comigo devido o conteúdo gravado. Não parece, mas não sou de obedecer a ordens e nem seguir tendências de mercado, daí sempre briguei muito quando os discos estavam prontos e as gravadoras esperavam o máximo do comercial e eu entregava o oposto (riso desenfreado), sou punk de atitude (riso mais moderado), inconformado e nada acomodado de natureza. Pra receber dinheiro por um trabalho ou disco, creio que este deve ter conteúdo e não mentiras ou músicas fajutas.





      Efervescência: Quem foram os principais cantores e bandas que você conheceu durante sua carreira?
            Só não conheci os que morreram antes que comecei a cantar (gargalhadas).



    Efervescência: Você montou uma banda há alguns anos. Que conclusão você tira daquela época?
             O Choque Cultural? Ah, foi fantástico, 4 meninos pobres que mal sabiam tocar. Nos divertimos muito, mas sem comprometimento. Serviu para reforçar em mim que é este o meu trabalho e que eu tinha dom, vontade, disciplina, coragem. Foi como um preparatório juntamente com o teatro, pois fui ator do Grupo Martim Cererê por 5 anos, lá sim eu aprendi tudo de arte. Tudo assim, luz, cenários, fotografia, produção, figurinos e a disciplina de artista que é cuidar do corpo da mente, além de tudo o quanto eu souber, ainda falta muito para aprender. Tive a sorte de ter “mestres” fantásticos! Agradeço!



     Efervescência: Qual é a sua visão sobre o mercado fonográfico atual?
Não sei, eu não participo dele. Não gosto de falar do mundo onde eu não vivo.



      Efervescência: A música brasileira, principalmente na área pop, está em crise?
            Pelo que eu sei, ela nunca esteve “curada” e nunca teve identidade própria, somos todos cópias bem intencionadas de Michael Jackson, Duran Duran, The Smiths, Iron Maiden, Metallica e outros milhares (riso), consequência de um país que não valoriza a educação, saúde, cultura. Que não valoriza sua própria gente tão pouco o trabalho de cada.



      Efervescência: Que trabalhos musicais chamam mais sua atenção na atualidade?
            Nacional: Silva, Frejat, RPM, Sideral, Fernanda Abreu, Bruna Mendez, Sepultura, Cavalera Conspiracy, O Rappa, Júpiter Maçã, Claudia Vieira.
          Internacional: Vintage Trouble, Duran Duran, Justin Timberlake, Alicia Keys, Phoenix, Paloma Faith, Jamie Cullum, KLF, Pharrel William, Robbie Williams.
            Minha paixão são os clássicos, tenho pouca paciência para essa “novidade” que se acha o máximo, morro de preguiça dessa vanguarda meio bossa muito nada, “Marcelos Camelos, Mallus, Amarantes, Vanguarts”, Deus me livre disso!





      Efervescência: Qual a sua visão sobre a influência da internet sobre a sociedade e o mercado musical?
            O futuro, simples assim!


      Efervescência: Hoje em dia, é possível, financeiramente, viver da música?
            É, desde que você faça música pra vender, toque todos os dias em bares, velório, casamento e etc. (nada contra ninguém tocar onde quiser e se quiser), e se torne mais um algo que meio relacionado com a prostituição, cada um vende o que tem e compra quem quiser a que preço for.
                Artistas, talentos, estes não sobrevivem só de música não.



      Efervescência: Quais são seus planos futuros na área musical?
       Não faço planos, estou vivendo. No momento estou reativando minha vontade de escrever música. Eu só gravo quando tenho o que dizer, agora estou com vários assuntos, vamos ver se deixo a preguiça de lado e gravo (risos). A idade chega e é implacável (mais risos, naturalmente). 

9 comentários:

Anônimo disse...

SENSACIONAL - CONSCIENTE E FERINO - COMO SEMPRE - PARABÉNS - VOCÊ É FORTE -
VALEU

Unknown disse...

Valoz sempre fiel e sincero. Obrigado

edinamarta disse...

Por ser voce mesmo...és espirituoso malaquinho feliz! Sou sua fã garotoooooooooooooo!

Unknown disse...

Sempre gentil e amável Edinamarta. Grato

Graça disse...

Este é o Marco Antonini. Não precisa falar mais nada. Amigo acima de tudo.

Unknown disse...

Obrigado Graça Palves. Super beijo!!!

criadora de orquídeas disse...

Conheci Marco Antonini ele no palco eu a plateia no Ciau Bella. Show eletrizante. Apaixonei por ele. A interatividade dele com a plateia muito me agradou. Vai agradecendo a presenca de um, de outro, pelos nomes. Isso e lindo! O cara canta demais. E uma pessoa amorosa, franca, determinada e persevarante. Amo.

Unknown disse...

Criadora de orquídeas, uma das coisas que mais me deixa feliz é quando a pessoa realmente entende a minha música e a minha arte, que esteja desarmado e pronto a se jogar na divertida viagem musical que faço.
Não tenho pretensão nenhuma a não ser ver sorrisos, emoções, pessoas dançando se interagindo, divertindo e celebrado o dom lindo de viver.
Se você me entendeu assim e saiu de casa e voltou feliz, sou que agradeço pela oportunidade e pelo amor sincero. Falamos a mesma lingua. Amém. Obrigado Marilena.

Maria Helena Damaso disse...

Passei a te admirar mais ainda, após ler sua entrevista. Super coerente tudo que vc disse com o que acompanho no face. Dias desse disse a um dos meus sobrinhos que já tinha ido em todos shows que havia sonhado nessa vida e que meus parcos recursos me permitiram: U2, B52's, Rolling Stones, Ellen Oléria, Paul McCartney, Robert Plant, Buquini Cavadão, ...., mas agora tenho um objetivo novo: ver um show seu. Obrigada por me permitir ser sua amiga. Grande abraço.