sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pedra Letícia

Pedra Letícia, Irreverência Musical Como Pouco se Vê por Aí



              Formada em 2005, em 2013 a banda completa oito anos, plena de um vigor musical invejável, figurando entre as bandas de maior sucesso no país e fazendo um sucesso indiscutível. Dona de um estilo muito bem humorado, a banda já tocou em diversos estados brasileiros, tem quase 40 milhões de acessos no You Tube e tem fãs em todo o Brasil. É formada atualmente por Fabiano Cambota no vocal, Xiquinho Mendes na guitarra, Kuky Sanchez no baixo, Thiago Sestini na percussão e Zé junqueira na bateria. 
            Esse conjunto é o xodó, por assim dizer, de Reginaldo Rossi, juntos eles fizeram uma releitura da música "Em Plena Lua de Mel", que fez grande sucesso, e que não foi o único, assim o diga grandes hits como "Teorema de Carlão", "Eu não Toco Raul", "Eu Sou Pedreiro", "Como Nossos Pais (Nos Aguentam)", "O Menino"... A banda possui também um site onde os fãs podem fazer um cadastro, compartilhar e votar para que a Pedra Letícia possa tocar em mais cidades, tudo explicado no queremos.com.br. Eles fazem da música uma grande diversão, mas essa diversão eles também tem mostrado que é coisa muito, muito séria.
               E foi assim, nesse clima que Fabiano Cambota concedeu uma entrevista a este blog, em dezembro de 2013, pouco antes do lançamento do clip "O Circo de Um Homem Só", que está na lista abaixo, e a entrevista você pode acompanhar agora, bom ouvinte da musica goiana, o prazer seja seu, pois a honra é toda nossa!






Efervescência: Pra começar, duas perguntas inevitáveis em uma só: Como vocês começaram e por que o nome Pedra Letícia?
                 Não se preocupe, vou dar um ctrl V de outras entrevistas (Risos). Brincadeira! A banda começou nos bares de Goiânia, fazendo o que toda banda faz, covers. Só que a gente se irritava em ser só uma banda tocando e as pessoas se lichando pro que a gente tocava. Daí a gente resolver incomodar tocando versões em rock n roll de músicas inesperadas. Foi assim que entrou no repertório Reginaldo Rossi, Odair José, músicas infantis. A banda tinha um formato acústico, só com percussão, mas a gente mandava a mão nos instrumentos. Era um rock raiz!
                 
Agora sobre o nome da banda tenho uma má notícia, não tem significado nenhum. A gente tirou de uma brincadeira do Didi, mas não queira encontrar um motivo, realmente não existe.

Efervescência: Como você define o estilo da banda?
                        A gente não tem estilo nenhum. A gente se denomina banda de rock, mas por pura falta de parâmetro. Até porque o rock anda chato pra cacete, cheio de regrinhas e exclusivista. O fã do rock anda insuportável. Eu sou rockeiro das antigas, então posso falar. A galera do rock começou a entrar numas de fazer do rock um som de gente inteligente, intelectualóide. Bobagem! O rock é liberdade, fazer o que quiser, do jeito que quiser. Acho que o Pedra Letícia é muito mais rock n roll do que essas bandas que pintam no underground. Porque se a gente quiser tocar bolero a gente toca. Aliás taí o exemplo do Raul que é uma fonte né. O cara tocava forró, mas era rock. 

Efervescência: Como você descreve a relação da banda com seus fãs?
                   A gente subverteu a lógica da atualidade, da sub celebridade que se acha. A gente conversa com todo mundo, atende todos que queiram entrar no camarim depois do show, responde pelas redes sociais e temos vários fãs que se tornaram amigos. Acontece que depois do twitter e do facebook, a realidade do artista mudou, e piorou pra quem não tá pronto pra isso. Muito artista fuleiro tá se achando. Só que esqueceram que a gente faz arte como forma de comunicação, e essa comunicação só existe se existir alguém pra nos escutar. Resumindo, o importante é o público, não eu! O público tem mil artistas pra curtir, não faõ falta na vida de ninguém, mas sem público eu nem artista sou, sou só um cara que toca violão no quarto. Sem ninguém pra ir ao show, deixo de existir como artista. E aí, quem é importante?


Efervescência: Já é bem conhecida a passagem do Pedra Letícia pelo Domingão do Faustão, como isso repercutiu no depois?
                         Não somos uma banda de massa, de mídia, nunca pagamos um jabá. Fomos a todos os programas de TV convidados. Nosso convite pra ir ao Domingão do Faustão partiu dele em pessoa. Havíamos ganhado a garagem do Faustão, mas isso não dava direito de tocar ao vivo. Nos disseram pra preparar duas músicas... mas acabamos tocando seis. Porque o Faustão pediu. Uma honra, cara. Claro que depois disso as coisas mudam, são milhões de pessoas assistindo. E a gente subiu um degrau. Agradeço muito a ele, mas não é como nos filmes. A vida não muda, a gente continua ralando pra levar o som da banda pras pessoas se divertirem.

Efervescência: Como é relação dos integrantes dentro da banda e fora dela?
                   É um casamento. E tal qual um casamento, não há sexo, que fique bem claro isso! Somos todos bobos até a medula, nos divertimos com nada. Cada viagem pra show parece uma excursão pra Disney. A gente se diverte demais, e acho que isso fica claro quando subimos ao palco. Aproveitamos o privilégio de viver de música. Somos amigos, e mesmo com os integrantes que por algum motivo tiveram que sair, mantemos uma relação muito bacana. Conviver não é fácil, mas a gente tira o máximo proveito dessa relação.




Efervescência: Quais são as maiores influencias de vocês?
                          Difícil dizer. Cada um vem com uma diferente, e misturamos tudo isso. Eu adoro músicas antigas, da Era do Rádio, outros são mais ligados a rock pesado, outros hard rock, o Xiquinho ama Beatles. Não há preconteito na banda. Todos ouvimos e acatamos a relação e influência de cada um.

Efervescência: Que trabalhos musicais chamam mais sua atenção na atualidade?
              Eu gosto de tudo que é simples e bem feito. E atualmente as coisas andam meio pretenciosas demais. Muito rock cheio de querer ser cabeça, mas com um discurso fraquinho que dói. Eu procuro ouvir de tudo e claro que às vezes aparece coisa muito legal. Ultimamente tenho apreciado mais o pop do que o rock moderno. Justin Timberlake me parecia bobo até ver o show do cara. É f...a! Maroon 5 também. Acabo me deixando levar mais pelo que o cara faz ao vivo. Não acredito mais em estúdio. No estúdio até o Naldo funciona. E curto trabalhos regionais, bandam menores que mal aparecem, mas que tem trabalho genuíno. A internet nos permite descobrir coisas muito legais.

Efervescência:  Qual a sua visão, e até mesmo a visão da banda, sobre a influencia da internet sobre a sociedade e o mercado musical?
                   A internet bagunçou tudo, pro bem. Permitiu que bandas como a nossa aparecessem sem precisar necessariamente de rádio. E ao mesmo tempo aproximou todo mundo. A democracia internética permite a facilidade de se encontrar um novo som. E fez a concorrência subir. Se por um lado isso aumentaria a qualidade por cada banda se ver na necessidade de fazer algo melhor, por outro lado tornou tudo muito efêmero. O viral de hoje é esquecido semana que vem.

Efervescência: Algumas pessoas costumam comparar vocês a outras bandas que possuem ou possuíam o humor como marca registrada, como o Pedra Letícia reage a isso?
                   Encaramos com humor também. Não deixa de ser uma honra ser comparado a bandas legais de humor. Mamonas, Ultraje, Premê. Mas sabemos que fazemos algo sem muito parâmetro. A gente não se encaixa num estilo. E comparar é natural do ser humano. Aproximar aquilo que se escuta a algo que já se ouviu antes.

1.   Efervescência: O que vocês acham que falta acontecer ou o que mais você espera para o futuro da banda?
                   Sinceramente a gente vive cada dia. A gente curte cada momento e trabalha pelo próximo, só isso. Esperar demais é pedir pra se frustrar. Se um dia a banda for mega conhecida, ótimo. Se esse dia não chegar, ótimo também. A gente faz o trabalho pra que seja visto, mas não vamos mudar nada só pra agradar. A gente faz o que der na telha e o que nos der prazer e orgulho. Algumas músicas nem terão comédia, mas terão a nossa cara. E cada show é um momento único. Quem já foi a um show nosso, sabe que aquilo é o ápice das nossas vidas. Pode ter 15 pessoas, ou 15 mil. Nenhum show pode ser só bom, tem que ser o melhor momento das nossas vidas e – pretenciosamente- o melhor show que cada um que estiver ali já tenha ido.





     Efervescência:  Quanto a você, Fabiano Cambota, o que mais te faz falta em Goiás?
                     Pamonha, porque família a gente fala pelo telefone! (Risadas). Brincadeira! Sinto falta dos amigos, da família, dos sobrinhos em especial. Sinto falta do sol também, que é raro em São Paulo. O céu azul é algo que eu nunca tinha me tocado que sentiria falta. Mas o céu de Goiânia é o mais lindo. E inspirador, alegre!

      Efervescência:  Como você entrou no Stand-Up Comedy e como tem sido o Circo de Um Homem Só?
                         Entrei a convite do Rogério Morgado que é um grande humorista e assistia nossos shows em SP. Tive a sorte de começar antes do "boom" desse estilo. Então pude errar muito até encontrar meu jeito de fazer. Hoje a concorrência é braba, quem tá começando tem dificuldades em se encontrar. Depois de 4 anos fazendo comédia, escrevi meu primeiro show solo que é o Circo de um Homem Só. E estou muito feliz com o resultado. É uma onda muito diferente da banda, mas que se completam. Subir sozinho no palco era impensável antes pra mim. Mas ver como as pessoas estão reagindo ao show está me deixando orgulhoso. As apresentações que fiz até agora estão tendo uma resposta espetacular. E ter a chance de apresentar esse show das melhores casas de comédia do país é uma honra. To bem satisfeito mesmo. Me achando mesmo!

      Efervescência:  Você tem outros projetos paralelos ou planeja algo diferente?
                     Além da banda e da comédia, ainda tenho o DVD Falando Sério e o show com mesmo nome, que faço em parceria com o Fabio Pessoa, que era guitarrista da banda. Projeto que começou como pura satisfação pessoal, mas que tem começado a andar sozinho. Ainda escrevo crônicas e quero compilá-las num livro a ser lançado em 2014. Tem ainda um projeto muito bacana com o Rafael Cortez, que lançaremos em breve. E to fazendo testes pra cinema com a ajuda do Robson Nunes. E ainda serei campeão brasileiro de PES2014. Na fé!

       Efervescência:  Fora dos palcos, na vida pessoal, vocêcarrega essa mesma irreverência?
                      Eu sou alegre, mas nada a ver com o palco. Acho que as pessoas se frustram quando me conhecem mesmo. Porque sou sem graça, sou fechado, meio tímido até. Já fui mais, me soltei com o tempo, mas não sou um cara que chega se enturmando em qualquer lugar. E odeio Zé Graça. Aqueles caras que fazem piada com tudo a toda hora. Acho chato demais. Quem faz piada toda hora não é humorista, é idiota!

     Efervescência:  Como você acha que a mídia tradicional vem tratando a música pop (rock, reggae, rap, blues...)? Dá pra dizer que o rock nacional está em crise?
                 A mídia é carrasca e vítima ao mesmo tempo. Está refém de meia dúzia de investidores que colocam seus artistas no topo. Mas ao mesmo tempo está muito conveniente pra ela, porque o dinheiro está entrando a rodo. Mas sempre vai haver uma resistência, e nela que apostamos. É um assunto pra uma discussão longa, mas o público não escuta o que quer. Escuta o que está sendo pago. E não achem que estou aqui bradando contra a Globo, ou contra a Jovem Pan. O buraco é mais embaixo. Nem toda a culpa do mundo pode recair sobre a Globo ou a maçonaria (Risos). Lembrem-se que o Faustão nos colocou 20 minutos no ar. Por livre vontade dele. Enquanto programas de TV muito menores quiseram nos cobrar jabá. A coisa é mais complicada do que parece. E se o rock está mal, a culpa também é do rock. Muita desorganização, poucos trabalhos originalmente bons. Acho que a crise do rock não se resume a quem o faz, quem escuta também tá nessa.
  



      Efervescência:  Quem são suas as referencias artísticas no estado de Goiás e por quê?
                       Por incrível que pareça gosto do Goiás genuíno. Não desse que tentam pintar desde a década de 90. Não somos um bando de machistas beberrões que esse sertanejo ostentação prega. Nasci e fui criado numa metrópole de mais de um milhão de habitantes. Cresci ouvindo Chitãozinho e Xororó, mas ouvia muito Rolling Stones também. Aproveito o que Goiás me ofereceu como mais puro. E descarto essa baboseira de dizer que somos ignorantes cheiradores de cabelo na balada. Sou fã de Tião Carreiro, ouço muito. Geraldinho e seus causos. Sou fã das pequenas coisas que aprendi depois serem tão nossas. Bolo de aniversário em pedaço revestido no papel alumínio. Só aí que vi isso. Esse apego familiar, a capacidade genuinamente goiana de receber tão bem quem vem de fora. Uma ingenuidade sadia em relação a maldade. Pequenas coisas mesmo. Mas não é porque sou goiano que sou obrigado a curtir pequi. Odeio! Leva esse odorizador de quarteirão pra lá. E traga pamonha. Grato!



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